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domingo, 10 de abril de 2011

Controle Glicêmico, Diabetes Mellitus e Exercício Físico

Caros amigos, nos dias de hoje vivemos uma enorme epidemia de doenças, dentre elas hipertensão arterial, osteoporose, dislipidemias, e diabetes. Esta última, somente no Brasil existem 12 milhões de pessoas. Quem nunca se deparou com um aluno diabético para a pratica de exercícios? Agora vamos tratar de aspectos importantes que vão auxiliar o profissional de Educação Física a entender um pouco mais desta patologia.

1ª Quando um aluno deste chega temos que saber qual é o tipo de diabetes que ele possui, pois o tipo de diabetes irá influenciar diretamente na prescrição do exercício. Se o aluno possui Diabetes Tipo 1 significa que seu pâncreas não produz mais o hormônio chamado Insulina então ele tem que administrar doses deste hormônio via exogena, se ele possui Diabetes Tipo 2 significa que o seu pâncreas ainda produz insulina mais esta insulina sofre uma resistência para conseguir realizar a sua função, fazer a entrada da glicose nas células. O aluno tipo 2 geralmente administra medicamentos via oral para a diminuição desta resistência.

2ª No aluno diabético tipo 1 temos que saber qual o tipo de insulina que ele faz uso, porque temos que conhecer o tempo de ação e os picos de ação de cada uma. A insulina divide-se relativamente ao seu período de ação. Cada uma é caracterizada pela diferença de tempo entre o início da ação e pela duração dessa ação. 

Insulina de ação rápida
A insulina de ação rápida permite um bom controle da glicemia após as refeições. Esta insulina começa a fazer efeito logo após a injeção e o seu pico máximo é atingido 3 a 5 horas após a mesma. Para maximizar o efeito e prevenir uma situação de hipoglicemia, é necessário fazer a refeição cerca de meia hora após ter tomado esta insulina. 
Análogos da insulina de ação rápida
Os análogos da insulina de ação rápida foram criados para iniciarem a sua ação logo após a injeção. Isto significa que não tem que esperar entre a injeção e a sua refeição. O efeito perdura durante 1 a 3 horas, que é um período de tempo para controlar a sua glicemia após as refeições, mas com riscos reduzidos de hipoglicemia entre refeições e durante a noite.
NPH -insulina de ação lenta
Os preparados de ação lenta, tal como a insulina NPH, começam a fazer efeito depois de decorrido um período maior de tempo e também duram mais. A insulina NPH inicia a sua ação uma hora e meia após ter sido tomada e o seu efeito dura até 24 horas.
Insulina pré-misturada
Se necessita tomar uma combinação dos dois tipos de insulina, a insulina pré-misturada pode é uma solução. Trata-se de misturas já feitas com os dois tipos de insulinas, rápida e lenta em diferentes proporções. Isto significa que pode injetar os dois tipos de insulina de uma só vez, não necessitando, portanto, de injetar cada uma separadamente. Contudo, há outros tipos de insulina que garantem um melhor controle glicêmico do diabético.
Tabela de Ação dos Tipos, Ação, Picos de Ação, Duração Efetiva e Máxima da Insulina.

Para nossos alunos que fazem uso de insulina, devemos tomar cuidado com o começo da ação e principalmente com o pico de ação, pois estes alunos estão mais suscetíveis a Hipoglicemia. Em uma pessoa normal é mais difícil acontecer este quadro porque a liberação de Glicogênio/Glicose, pelo fígado, irá suprir a falta na corrente sanguínea e manter as funções cerebrais normais, visto que o SN usa a glicose como combustível para se manter. Com a Hipoglicemia, o SN fica sem "energia" então começa a falhar apresentando déficit cognitivo. 
3ª A insulina deve ser administrada por via sub-cutânea (debaixo da pele). Nas áreas com pouco tecido adiposo (gordura) podese usar as agulhas ultra-fine. Regiões pouco utilizadas: Parte externa e superior dos braços e região superior dos glúteos. Regiões mais utilizadas: Parte anterior e lateral das coxas, região abdominal (com exceção da área imediatamente superior e inferior da cicatriz umbilical). Não é aconselhável a aplicação de insulina no mesmo local todos os dias. É importante fazer um rodízio sistemático das áreas de aplicação, possibilitando a absorção uniforme da mesma. Escolha uma das áreas sugeridas na ilustração acima e utilize-a para aplicação durante uma semana, mantendo a distância de 3cm entre uma injeção e outra. Na semana seguinte, escolha outra região e assim por diante. Lembrar que, antes de uma atividade física, não se deve usar insulina no grupo muscular que será mais exercitado. Procure outra região para aplicação, pois o aumento do fluxo sanguíneo nesta região acarretará em uma absorção mais rápida da insulina e, conseqüentemente, em maior risco de hipoglicemia.
4ª Temos que interpretar e saber os exames mais comuns para os alunos diabéticos. O primeiro é o Controle da Glicemia Diária feita através do medidor de glicemia, estes que encontramos em qualquer farmácia, e que é fundamental pois ele nos dá a noção do "saldo atual" da glicemia sanguínea. Em posse desses valores vamos orientar o nosso aluno a praticar ou não o exercício do dia, mais vamos tratar disto mais a frente. Outro exame fundamental é a Hemoglobina Glicosilada, ou Hemoglobina Glicada ou A1C (Sociedade Brasileira de Diabetes, 2008), este exame é feito somente em laboratório onde é analisado a quantidade de glicose que liga proteínas (glicação) as hemoglobinas. Este exame consegue analisar um período de 60 até 120 dias antes do exame e fornece um "saldo médio" de como se comportou a quantidade de glicose circulante.
Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2008.
5ª Com a glicemia acima da média recomendada, por exemplo 300 mg/dl, temos o seguinte quadro: o nosso aluno está com a corrente sanguínea cheia de glicose mais sem insulina para ela entrar nas células, passarem pela fermentação láctica e serem oxidadas no ciclo de Krebs,. Diante disso o corpo então, laça mão das reservas de Ácidos Graxos para serem oxidados e fornecerem energia. Alguém pode pensar que isso seria bom pois os diabéticos não teriam um percentual de gordura alto, porem com a oxidação excessiva de gordura irão se formar Corpos Cetônicos levando o diabético a um quadro de Cetoácidose Metabólica podendo ir a coma.
6ª Para alunos diabéticos tipo 2 devemos tomar cuidado com a intensidade do treinamento. Intensidade acimas do 2º Limiar Ventilatório, consome muito carboidrato, lembrando que este aluno tem resistência a insulina, causada por exemplo pelo excesso de gordura corporal, então para ele intensidades abaixo do 2º Limiar Ventilatório, em uma zona aeróbica, é mais recomendado. Para alunos diabéticos tipo 1, trabalhos aeróbicos são recomendados, porem eles podem fazer esforços mais intensos ou de força, visto que com a aplicação da insulina ele corrija este excesso de glicose liberada pela quebra do glicogênio.
 
Segue abaixo links para pesquisa sobre o assunto.

Posicionamento do American College of Sports Medicine Diabetes Tipo 1
 
Posicionamento do American College of Sports Medicine Diabetes Tipo 2
 
Sociedade Brasileira de Diabetes

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